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Estratégia de expansão de franquias

Ao falar de expansão de franquias, muita gente corre direto para a pergunta:

Onde devo abrir a loja?

Antes de olhar o mapa, vale lembrar: cada decisão de expansão é, na essência, uma escolha estratégica. 

Priorizar não é só listar oportunidades, é decidir onde o negócio vai criar e sustentar vantagem no longo prazo.

Quatro tipos de benefício

Se uma expansão não se conecta claramente a um desses objetivos, talvez seja mais vontade do que estratégia.

Aumentar faturamento

Cada nova unidade, quando captura um mercado ainda não atendido, traz receita nova para a rede

Proteger receita

Inaugurar uma loja em uma área onde concorrentes estão avançando, evita que sua marca perca clientes

Reduzir custos

Pensar a expansão a partir de hubs regionais te permite diluir despesas logísticas de abastecimento das unidades

Proteger custos

Padronização de produtos, insumos e fornecedores melhora o controle sobre a estrutura de custos

Motores que impulsionam esses benefícios

Cada um desses quatro benefícios pode ser puxado por alguns drivers universais:

  1. Expandir para novos lugares ou perfis: novas regiões, novos segmentos de consumidores
  2. Aumentar o que você vende: ampliar mix, tickets maiores, combos promocionais
  3. Aumentar o gasto do cliente atual: programas de fidelidade, upsell, serviços agregados
  4. Mudar como a receita é gerada: delivery, e-commerce, dark stores, parcerias corporativas

Na prática, os franqueadores já têm algumas alavancas fundamentais, o jogo está em como puxá-las e em que ordem.

Pressões pra baixo

Algumas pressões que corroem cada benefício:

  1. Saturação do mercado, que puxa o custo de ocupação para cima enquanto pressiona as vendas para baixo

  2. Canibalização de unidades próximas, quando a cobertura de rede é maior que o mercado disponível

  3. Complexidade operacional que aumenta com a rede e com a variabilidade de opções

  4. Custos logísticos e de marketing que sobem antes de trazer benefícios

Essas pressões são o “vento contra” que exige disciplina e visão de longo prazo.

Decaimento e alavancagem

Dois conceitos ajudam a avaliar cada movimento de expansão:

  • Decaimento: vantagens iniciais se desgastam, concorrentes copiam, consumidores seguem novas tendências

  • Alavancas: algumas decisões criam efeitos que se acumulam, como pontos comerciais fortes ajudam a gerar mais vendas, certos pontos são mais estratégicos para reabastecimento, marca forte na região reduz custos de marketing

Abrir uma unidade em uma cidade qualquer pode trazer receita imediata, mas sem alavancagem, vira só mais uma loja lutando contra a maré. Já uma expansão pensada em cluster pode gerar sinergia e defender margens por muito mais tempo

Vantagens defensáveis no franchising

Economia de escala: central de compras forte reduz custo por mercadoria vendida

Economia de rede: quanto mais franquias, mais eficiência compartilhada

Contra-posicionamento: entrar em formatos onde concorrentes não podem ou não querem atuar (delivery, lojas menores, novos bairros).

Custos de transações futuras: fidelidade do cliente via apps, cashback, clubes de assinatura antecipam vendas pelo mesmo CaC.

Marca: reputação forte que atrai consumidores e melhores candidatos a franqueado.

Recurso exclusivo: localização premium, insumo proprietário, tecnologia interna.

Processo superior: know-how em expansão correta, treinamento ágil, onboarding eficiente.

O desafio é que não dá para ter tudo. É preciso escolher em quais “poderes” investir de forma concentrada.

Vantagens estratégica

Cada vantagem passa por fases:

  1. Descoberta: identificar cidades, clusters ou formatos que podem dar diferencial

  2. Crescimento: investir para tornar essa vantagem mais robusta e difícil de copiar

  3. Extração: colher os frutos, expandindo em cima da base criada

  4. Resistir à erosão: manter relevância mesmo quando o mercado se move

Uma rede que descobre um nicho em cidades médias. Cresce rápido lá, cria marca regional forte, extrai valor por anos, mas precisa estar atenta: novos entrantes, mudanças de consumo, concorrência digital, cedo ou tarde, o diferencial enfraquece.

Priorização

O que isso significa na prática para redes de franquias?

  • Impacto: quais os efeitos esperados em custos, receita e marca?

  • Tempo: qual a curva de impacto desses efeitos?

  • Sensibilidade ao tempo: quais os riscos atrelados a eventuais atrasos?

  • Confiança: quanto sabemos de fato sobre aquela praça, ou estamos apostando no escuro?

  • Custos de oportunidade: se escolhemos esse movimento, o que deixamos de fazer?

No fundo, priorizar expansão é montar um portfólio de apostas: algumas de descoberta, algumas de crescimento, outras de extração, e sempre algumas de defesa. 

O mapa não é estático, e o jogo nunca para, mas com clareza sobre benefícios, pressões e poderes, as escolhas ficam mais sólidas.

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