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Conte a história dos lugares

O maior motivo para um estudo de Geomarketing não gerar impacto não é falta de dados, é o excesso de dados mal contados.

Quem já apresentou uma análise sabe: você chega com mapas lindos, camadas de informações, planilhas robustas, mas a sala não se mexe.

O problema não é a evidência, é a falta de enredo.

Dados por si só raramente convencem, narrativas sim.

É por isso que defendemos que um bom estudo “conta a história dos lugares”.

Nosso papel não é só mostrar quantas pessoas moram num bairro ou qual é o ticket médio da região.

Nosso papel é construir uma narrativa que faça o negócio entender, sem dúvidas, por que aquele ponto, aquela cidade, aquele território é o caminho certo.

Despejar dados não funciona

Um mapa cheio de camadas é como um dashboard cheio de gráficos, ele informa, mas não persuade.

Executivos não precisam de mais números, precisam de clareza.

E clareza vem quando os dados deixam de ser apenas evidência e passam a ser argumento.

Ou seja, não é sobre o que os dados mostram, mas que decisão eles tornam inevitável.

Ferramentas que ajudam a estruturar narrativas

Para que dados virem histórias, precisamos de estrutura.

Algumas técnicas clássicas de consultoria funcionam muito bem no Geomarketing:

Árvore de questões para quebrar o problema em partes

  • Vale a pena abrir uma loja nesta cidade?
  • Pode se desdobrar em renda, fluxo, concorrência e acessibilidade.
  • Cada ramo da árvore indica que dado precisa entrar.

Princípio MECE (Mutuamente Exclusivo, Coletivamente Exaustivo)

  • Em outras palavras, sem sobreposição e sem buracos.
  • Isso evita redundância e garante que o raciocínio seja completo.


Com esses frameworks, cada número vira parte de um enredo lógico, e não um slide perdido.

Ligando dados a valor: o tamanho da oportunidade

Nenhum investidor ou diretor quer só saber que “há fluxo de pessoas”.

Ele quer entender: quanto isso pode gerar de receita?

É aqui que entra a quantificação da oportunidade.

  • De cima para baixo: começamos pelo potencial total de consumo de um município ou segmento.

  • De baixo para cima: somamos domicílos por quarteirão nas imediações das lojas.

Quando esses dois caminhos chegam em números próximos, a estimativa deixa de ser chute e passa a ser narrativa defensável.

Antecipando objeções: transformar contra-argumentos em prova

Uma boa história não espera a crítica, já a incorpora.

  • O financeiro vai perguntar de custos? Mostre o CAPEX e o retorno esperado.

  • O comercial vai duvidar da vendabilidade? Traga entrevistas com clientes locais ou cases de concorrentes.

  • O time de operações vai se preocupar com complexidade? Mostre fases de implantação, comece pequeno.

Assim, a objeção deixa de ser pedra no caminho e vira reforço da narrativa.

Como amarrar a narrativa

No fim, a apresentação de Geomarketing não deve ser um relatório cronológico, mas um enredo claro:

  1. o problema: um dado forte que define a dor.

  2. o argumento: a árvore de questões que leva ao raciocínio.

  3. o impacto: o tamanho da oportunidade, traduzido em valor.

  4. o caminho: próximos passos, o que precisa ser feito.

É isso que transforma “dados espaciais” em histórias que convencem.

No próximo estudo que você apresentar, tente o exercício: em vez de dez mapas, escreva três frases que expliquem o que aquele dado revela, qual hipótese sugere e qual impacto pode gerar.

Você vai perceber que dados param de ser números soltos e começam a ser... histórias.

Afinal, contar a história dos lugares é muito mais poderoso do que apenas mostrar onde eles estão.

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