

No fim do corredor sentava o analista de Geomarketing, ele explicava seus mapas com orgulho, cheio de premissas e afirmativas.
Em cima de sua mesa, uma caneca com a frase: “In Data We Trust”.
O problema era que ninguém entendia as lógicas dos estudos, além dele, por vezes, nem mesmo ele, já que evitava voltar em projetos que tinham sido inaugurados, “isso é assunto para operações”.
Não é que fosse um analista ruim, longe disso.
Tinha feito cursos, conquistado certificados de treinamento no fornecedor da plataforma, sabia onde estava cada camada e entendia as mil funcionalidades.
Acontece que, em algum momento, passou a confundir complexidade com sofisticação, e ficou preso nesse meio de caminho.
O paradoxo do prestígio técnico
A armadilha que prendeu nosso analista foi ficando cada vez mais elaborada.
Primeiro ela o seduziu com jargões, alimentava seu ego falar de isócronas, setores, áreas de ponderação, PEA e índices. Com o tempo, consolidou a ilusão de que quanto mais complicado era seu jeito de falar, mais ele seria valorizado.
Essa mentalidade apresenta outros sintomas:
- Acumulador de ferramentas e módulos, usa cinco dashboards para explicar algo que caberia em um slide
- Dono da complexidade, imerso em processos que só ele entende, imagina que as pessoas vão sempre procurá-lo em busca de explicações
- Customizeiro, adora pedir ajustes, orientar fornecedores sobre como cada recurso deveria funcionar, criar relatórios e indicadores personalizados
Parece que estamos descrevendo um verdadeiro mala corporativo, mas não é bem isso.
Profissionais presos no meio são vítimas de uma cultura que, por muito tempo, valorizou pessoas complicadas que gostam de coisas complicadas que só elas entendem.
Para esses, quem consegue se virar com uma ferramenta básica, só pode ser um principiante.
Opostos se atraem
Curiosamente, a Mapfry vem agradando aos analistas que estão nos extremos dessa jornada.
Iniciantes, são pragmáticos e vão preferir as soluções com menor curva de aprendizado
Estou falando de gente que caiu de paraquedas em áreas ou projetos com demandas de análise, sem muito tempo para aprender ferramentas complicadas, ainda mais passar por um burocrático processo de contração.
Procuram por soluções em que, com 15 minutos de uso, já estejam gerando mapas, relatórios e hipóteses de expansão.
Não se sentem constrangidos por usar uma ferramenta simples, sentem-se empoderados.
Na outra ponta, os veteranos calejados
Aqueles que já passaram pela fase do romance com a complexidade, construíram dashboards hipercomplexos que só eles entendiam, treinaram modelos estatísticos que previam o passado com precisão assustadora.
Com o tempo, perceberam as falhas em explicar o mundo real.
Viram o desgaste que é pagar de gênio incompreendido e agora buscam o oposto, clareza e argumentos sólidos.
De preferência em interfaces que não quebram o raciocínio, em sistemas que ajudam a decidir e recomendar.
Ambos os grupos entendem uma coisa essencial: simplicidade não é sinônimo de superficialidade, é sinal de robustez.
Os fins justificam os meios
O “meio do caminho” é um lugar estranho, parece cheio de segurança, mas é onde mais se erra.
Acontece quando os modelos, as regressões e todas as técnicas não são suficientes para gerar insights de verdade, nem são simples o bastante para incluir palpites da turma de operações.
Argumentos complicados são bons para assustar novatos e quem veio de baixo, mas inúteis para convencer executivos e investidores.
Entra em cena aquele PowerPoint gigante, típico de quem passa mais tempo tentando defender as lógicas e premissas adotadas do que levando às decisões.
É bem aqui que os analistas se perdem, não porque lhes falta talento, mas porque confundem movimento com progresso.
É hora de acordar
Na Mapfry, lançamos diversos recursos pensando nos iniciantes, e descobrimos, quase que por acidente, que os veteranos querem as mesmas coisas:
Chegar a boas conclusões rapidamente
Depois disso, ambos precisam comunicar suas ideias para pessoas que não têm tempo.
Stuck in the middle
Talvez você tenha se reconhecido em partes desse personagem, ou tenha se lembrado de alguém.
A boa notícia é que para sair desse lugar, basta entender que o objetivo final não é o controle do futuro, e sim oferecem clareza para todos que estão envolvidos em construí-lo.
Pergunte-se:
- As pessoas entendem minhas análises sem que eu precise estar lá explicando?
- O sistema que uso me ajuda a decidir ou apenas a organizar dados?
- O tempo que passo montando apresentações compensa nos resultados?
Se a resposta for "não sei", talvez seja hora de dar um passo rumo às decisões que efetivamente acontecem.

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