Leandro Gregorio
em
Mar 28, 2023
O marketing digital nem sempre dá resultado

O marketing digital tem retorno garantido?


Sempre aparecem anúncios, cursos sobre marketing digital, formação em gestão de tráfego, ferramentas, que dão a entender que ser um gestor de tráfego é garantia de sucesso ou se você usar a gestão de tráfego, você atrairá muitos clientes e aumentará os resultados.


Neste artigo, quero trazer algumas reflexões baseadas em experiências pessoais como empreendedor e de clientes meus, que nem sempre o marketing digital e seus “braços” dão o resultado esperado.

Começo por uma situação que passei como empreendedor e outra de um cliente ao procurar meus serviços como consultor em Geomarketing.


No meu caso, minhas primeiras investidas no marketing digital foram no famoso impulsionamento automático do Instagram e posteriormente, o mesmo impulsionamento com pequenas segmentações de público e local.

Os resultados não foram nada satisfatórios.


Além de pouca ou quase nenhuma conversão em vendas para meu produto, normalmente a área onde vinha mais público e a faixa etária era muito concentrada, não havendo uma distribuição homogênea entre o número de regiões e as idades.


Passada essa fase, continuei, mas contratei um gestor de tráfego por um mês, usando o Facebook Business.

O resultado também não foi muito diferente da experiência anterior.

Com poucos recursos, caso comum para quem está iniciando, optei por não atuar mais com impulsionamentos e anúncios pagos.

Tempos depois, este cliente que mencionei anteriormente veio me procurar, querendo entender o que é Geomarketing e como poderia expandir sua marca.

Ele já tinha feito outras consultorias com pesquisa de mercado e marketing digital, mas não teve sucesso.

Neste exercício de buscar compreender por que nem sempre o marketing digital ou o tráfego pago dão resultados esperados, elenquei alguns pontos que podem ajudar a compreender a razão disso.


Um dos primeiros erros, e talvez o mais cometido, principalmente pelos empreendedores iniciantes
no digital, é o uso do impulsionamento de anúncio no automático.

Para quem não tem conhecimento sobre impulsionamento, este é o método mais fácil.

Entretanto, o problema está no fato do algoritmo distribuir os anúncios de forma aleatória ou baseada no menor CPC
(custo por clique).

Dessa forma, as entregas de anúncio nem sempre alcançam o público desejado.


De certa forma, este problema está no fato do empreendedor, muitas vezes, não ter bem definido seu público-alvo ou sua persona (frisando que são conceitos diferentes).


Sem conhecer as características, hábitos e gostos do cliente ou potencial cliente, se usar um impulsionamento automático (usando isso como exemplo), há grandes chances de a entrega não ser para o público que tem interesse naquele produto ou serviço.


Ainda nesta linha, outro problema que pode acontecer é quando o empreendedor começa a dar seus passos na segmentação de público ou contrata um serviço de gestão de tráfego e mesmo com essa segmentação, nem sempre os resultados são satisfatórios.

Isso, ao meu ver, pode acontecer pela escolha da métrica de custo do anúncio ou pela escala.

Quando a opção pelo menor custo do clique é acionada, mesmo na segmentação de público, o algoritmo vai buscar, dependendo do orçamento e frequência de exibição dos anúncios, o menor custo possível.

Isso nem sempre atende de fato ao tamanho do público e às características dos mesmos que queremos atingir.

A escala, pela minha experiência, tendemos sempre a escolher a segmentação por estado ou cidade, mas você já parou para pensar como essa entrega se dá nas escalas de maior detalhe (bairro, setores etc.)?

Será que eles são distribuídos de forma igual?

Justamente este ponto que quero chamar a atenção, pois, principalmente para quem atua em segmentos locais (lojas de bairro, padarias, franquias, entre outros), a escala é um fator importante no uso do marketing digital.

Imagine que o público-alvo é o entorno ou um determinado raio de alcance que mais frequenta o estabelecimento ou (no caso de buscar novos clientes) que se deseja alcançar naquele determinado bairro ou nas pessoas que ali circulam, e não necessariamente moram lá.

Será que o investimento unicamente em anúncios online, com segmentação, alcança esse público nessa escala?

Dois conceitos que são primordiais nessa relação toda (empreendedor, marketing e clientes) e que pesam muito, dependendo do tipo de negócio, são:

A praça e o conceito de lugar (na visão da geografia)

Se a praça (local de venda ou distribuição) já existe ou se deseja instalar, a localização dessa praça é atrativa suficiente (no mundo real) para meu público?

Não adianta investir em anúncios ou em qualquer outra solução de marketing digital se a praça do meu negócio não atrair público para aquela localização.


E onde se insere o conceito de lugar nisso tudo?


Este é um dos conceitos básicos considerados da Geografia, tendo como seu maior expoente YI Fu Tuan.

De forma resumida, o lugar é mais do que um pedaço de terra ou um recorte espacial, é o espaço de vivência, das relações que mantemos com outras pessoas e com as paisagens.

Assim, o lugar é aquele onde há grande significado para nós, pois é o palco do nosso cotidiano, onde as distâncias entre as pessoas e os objetos são mínimas.


Mas como isso pode se inserir no marketing ou no uso de estratégias para expandir um negócio?

Determinados lugares têm sucesso baseado em critérios relacionados ao apego emocional que as pessoas têm com um determinado local de uma cidade ou bairro.

Um exemplo é a famosa Lapa no Rio de Janeiro, onde, do ponto de vista puramente de localização, dependendo do tipo de negócio, pode não ser tão atrativo, mas com sua atmosfera boêmia, com muitos bares naquele local, este fator “emocional” pode ser explorado e não necessariamente os algoritmos conseguem alcançar.


Ter esses conceitos em mente deve fazer parte da estratégia para o crescimento dos negócios.


Obviamente, nem sempre o empreendedor é obrigado a saber desses conceitos, mas o que precisamos ter em mente é que, mesmo nesta era digital, outras estratégias focando no lugar, na praça e até mesmo a combinação com meios analógicos ou ‘tradicionais’ de divulgação (como a panfletagem, por exemplo) podem ser tão ou mais eficazes que o uso puro do marketing digital.

Não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta

Embora o marketing digital seja o presente e continuará sendo estratégico nos próximos anos, o uso exclusivo dele para divulgação de serviços, produtos e captação de clientes não é garantia de sucesso, principalmente se não consideramos as peculiaridades que foram expostas acima.

Neste contexto, o Geomarketing, embora tenha crescido muito no Brasil nos últimos anos, ainda tem um amplo campo para desbravar junto ao empreendedor que não conhece como fatores geográficos, comportamentos, hábitos do público, onde eles estão etc., podem trazer luz e direcionar estratégias eficientes para o crescimento dos negócios.

O Geomarketing, embora use a tecnologia para trazer subsídios ao empreendedor, tem como um dos pilares a linguagem acessível ao seu cliente e mostrar um conjunto de estratégias de marketing, tanto no digital quanto analógicas e na escala adequada ao tipo de negócio.

Conclusões


O marketing digital é, de fato, um conjunto de ferramentas que aproximou e aproxima clientes e empreendedores.

Porém, de forma alguma deve ser considerado como a única ferramenta para alavancagem dos negócios, visto que diversos fatores geográficos, econômicos, fluxos e emocionais precisam ser levados em consideração.

Sem ter essa consciência e essa base, investir recursos (muitas vezes escassos) no marketing digital pode resultar em prejuízos e frustrações.

É nesse contexto que o Geomarketing se apresenta como uma possível solução para analisar em que cenário um empreendimento ou futuro empreendimento se encontra e subsidiar com informações estratégicas, indicando os caminhos a serem seguidos rumo ao crescimento e consolidação do negócio, inclusive integrando o marketing digital nesse direcionamento.

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Nota sobre o autor:

O Leandro Gregório é um especialista certificado pela Mapfry e escreve como convidado do Blog.

O conteúdo manifesta os pontos de vista e a opinião do autor.