Suporte
em
Oct 14, 2025
Abre ou não abre a loja?

No mundo da expansão, não faltam buzzwords: phygital, omnichannel, dark store, micro hub

Mas na prática, o que realmente trava a tomada de decisão não é a falta de conceitos novos, e sim o excesso de carga cognitiva

Sabe aquele peso mental que sentimos quando precisamos cruzar mil variáveis antes de aprovar um ponto comercial?

Essa confusão custa caro, um ponto mal escolhido pode gerar anos de prejuízo, mas o excesso de complexidade no processo decisório também faz perder oportunidades. 

A pergunta é: estamos aumentando a carga cognitiva para além do necessário?

O que é carga cognitiva em Geomarketing

É o tamanho do esforço mental que um decisor precisa fazer para entender uma análise. 

São diversos mapas, tabelas, dados, indicadores e cenários que precisam ser mantidos na cabeça ao mesmo tempo.

A mente humana consegue lidar com quatro a cinco blocos de informação simultâneamente, acima disso, vem a sobrecarga, como naquele momento da reunião em que todo mundo olha o mapa cheio de camadas e pensa:

“Ok, mas afinal, vamos abrir ou não a tal loja?”

Tipos de carga cognitiva

Intrínseca: inerente à complexidade da decisão. Avaliar um ponto em São Paulo sempre vai ser mais difícil que em uma cidade pequena, simplesmente porque há mais variáveis.


Extrínseca: criada pela forma como a informação é apresentada. Relatórios confusos, dashboards com dezenas de filtros, mapas cheios de camadas redundantes. Esse é o tipo que podemos e devemos reduzir.

Como acontece no dia a dia

Condições complexas

Imagine um comitê avaliando um ponto: renda acima da média, fluxo qualificado, concorrência moderada, proximidade de âncoras, canibalização aceitável, só que tudo junto em uma planilha. 🤯

Solução, criar variáveis intermediárias, como um score de atratividade. Em vez de lembrar todos os detalhes, o decisor olha para três fatores: potencial, concorrência e risco.

Condições dentro de condições

“Se o shopping tiver ocupação alta, e se a região for premium, e se a taxa de aluguel for menor que 10% da receita projetada…”

Melhor aplicar algumas flags, se falhar no critério mínimo de renda, descarta, se falhar no critério de canibalização, descarta. O que sobra é o caminho feliz.

Relatórios intermináveis

O time de expansão recebe um relatório da consultoria, que bebe do relatório de um fornecedor de dados, que por sua vez se baseia em uma projeção desatualizada a partir de informações do IBGE. Cada camada exige reconstruir mentalmente o raciocínio.

Preferível apresentar a oportunidade como narrativa, que é o caminho mais leve para conduzir informações ao nosso cérebro.

Excesso de camadas

Ter 20 abas abertas para para olhar fluxo, renda, consumo, concorrência, tempo de deslocamento exige navegar e correlacionar tudo. 

Melhor encadear as informações numa sequência lógica, como quem conta uma história.

Repita o mantra da simplificação

Cachorro com dois donos morre de fome. Se a mesma métrica gera dúvidas para marketing e expansão, provavelmente ela não está clara.

Copiar é melhor que analisar demais: às vezes vale comparar a região de abertura com a de outras duas boas lojas e só.

Fuja dos frameworks mágicos: aquela metodologia nova que parece elegante no papel, mas exige meses de treinamento e cria sobrecarga para novos analistas. 

A regra é clara

No fim, expansão não é sobre acumular camadas de análises sofisticadas, é sobre tomar boas decisões, rápido, com segurança

A carga cognitiva deve ser usada onde é inevitável, como analisar um trade-off real entre canibalização e potencial, e reduzida no resto em benefício das partes inevitáveis.

Se o mapa ou relatório obriga o decisor a parar a reunião para perguntar “espera, esse número aqui é renda ou consumo potencial?”, já passamos do limite. 

Não crie carga cognitiva extra para o próximo colega, para o próximo analista ou para você no futuro.